O caminho para a produtividade tecnológica da Indústria 4.0

Por Angela Gheller Telles*

* Angela Gheller Telles é diretora de manufatura, logística e agroindústria da TOTVS

* Angela Gheller Telles é diretora de manufatura, logística e agroindústria da TOTVS

Você já deve saber que o conceito de Indústria 4.0 envolve novas tecnologias e modelo de negócios. O termo não se refere apenas a uma tecnologia específica, mas há uma base que reflete em várias mudanças que acontecem na indústria e tudo isso é capaz de fazer uma grande diferença na operação das empresas. A coleta de dados, por exemplo, permite melhorar todo o processo de produtividade, tornando-o mais prático e eficiente para os gestores e colaboradores. E, nesse mercado altamente competitivo, só sobrevive quem tem uma gestão da produção ágil e eficaz.

Apesar da corrida para transformação digital, um estudo encomendado pela TOTVS e realizado pela H2R Pesquisas Avançadas, chamado de IPT (Índice de Produtividade Tecnológica), mostrou que as empresas brasileiras estão pouco preparadas para a Indústria 4.0. De acordo com a pesquisa, as indústrias consultadas tiveram uma média 0,52 pontos (em uma escala de 0 a 1) demonstrando que o desafio está na utilização correta das ferramentas já implementadas.

Esse estudo nos faz concluir que, apesar das constantes mudanças do mercado e informações disponíveis, o Brasil ainda está muito aquém da quarta Revolução Industrial. Grande parte desse resultado se deve à falta de cultura dentro das empresas na transformação para o digital. A manufatura no Brasil precisa aumentar sua produtividade e avaliar o investimento correto para ter uma integração completa de todos os processos para efetivamente alcançar o melhor potencial das ferramentas tecnológicas.

O fato é que grande parte das empresas já possuem um ERP instalado, mas a questão está na forma como essa tecnologia é utilizada. Quando analisada a utilização dessas ferramentas – consideradas essenciais para a performance e o sucesso dos negócios -, o índice IPT revela que há uma alta adoção do ERP na área financeira, mas o uso da solução ainda é disperso para as demais áreas das empresas. Como exemplo, apenas 42% das indústrias consultadas têm a utilização do sistema completo instalado nas áreas de produção e de manutenção.

A matemática do ERP é simples. Ele serve para suprir algumas das necessidades da companhia, por meio de tecnologia que apoia o controle de processos de praticamente todas as áreas da empresa. Ou seja, a integração desses sistemas permite a troca de dados em tempo real, evitando ruídos e falhas na comunicação. O resultado disso? Com maior controle das máquinas, áreas e procedimentos é possível gerar uma alta redução de custos – e economia de insumos.

As possibilidades e oportunidades são inúmeras. A integração pode ser feita tanto no chão de fábrica, quanto verticalmente, cruzando os dados de backoffice, produção e manutenção. Compilando esse tipo de informação, os gestores possuem dados valiosos para melhorar a performance dos negócios e, assim, poder investir em novas tecnologias que garantirão a competitividade no mercado. Esse é o objetivo da manufatura avançada: revolucionar os negócios por meio de uma tecnologia de ponta, com fábricas conectadas e capazes de se autocontrolarem.

A grande ressalva aqui é a importância do treinamento dos funcionários. De nada adianta as empresas realizarem investimentos nas melhores tecnologias disponíveis sem ter cuidado com treinamento. Ele é crucial para que se tenha a percepção real do negócio e performance, além de alcançar todo potencial das tecnologias adotadas.

Os tomadores de decisões das empresas, precisam ter este olhar e preocupação, para que a digitalização realmente aconteça. Hoje ela ainda está longe de se tornar realidade.

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