Embalagem asséptica para produtos de baixa acidez

Por que e como aproveitar as oportunidades oferecidas pela fabricação de garrafas PET “in house”?

Artigo publicado na revista EM+9

Por Fabienne Cheriaux-Huet*

* Fabienne Cheriaux-Huet é gerente de marketing de laticínios, alimentos e bebidas da Serac

* Fabienne Cheriaux-Huet é gerente de marketing de laticínios, alimentos e bebidas da Serac

Destinadas principalmente ao acondicionamento de produtos com alto teor de acidez, como sucos, as garrafas PET estão ganhando cada vez mais espaço também no mercado de laticínios, sendo pensadas especificamente para novos produtos em segmentos de mercado de alto valor agregado.

Esta evolução no ramo da embalagem reflete as necessidades de uma vida útil prolongada para produtos refrigerados, bem como armazenados em temperatura ambiente, e exige implementação cuidadosa, uma vez que o leite UHT e as bebidas à base de leite são caracterizados por seu baixo nível de acidez e extrema sensibilidade.

Veja a seguir quais os pontos-chave a considerar para implementar adequadamente um projeto de aproveitamento dessa tendência de uso das garrafas PET.

  1. Combine “longa vida” e uma embalagem chamativa para ganhar mais espaço no mercado

O prolongamento da vida útil de seus produtos proporciona aos fabricantes a possibilidade de ampliar sua área comercial e abrir novos canais de distribuição. A vida útil prolongada é também um benefício econômico e ambiental para varejistas e consumidores, uma vez que contribui para a redução no desperdício de alimentos. Produtos armazenados em temperatura ambiente são os mais eficientes em termos econômicos e ambientais: seu transporte e seu armazenamento sem refrigeração reduzem significativamente os custos logísticos e o impacto ambiental.

Por fim, a embalagem asséptica sem conservantes oferece um maior nível de segurança. Isso explica seu uso por parte de alguns fabricantes mesmo que não seja absolutamente necessário. A segurança do consumidor e a reputação da marca não podem ser colocadas em risco.

Quanto às embalagens, não há mais necessidade de provar o valor das garrafas plásticas. O apelo proporcionado pelos formatos originais e a arte gráfica de alta qualidade, associados a benefícios de uso real, transformaram as garrafas nas embalagens preferidas para segmentos de mercado premium.

As garrafas são procuradas especialmente para produtos lácteos de pequeno e médio porte armazenados em temperatura ambiente, atendendo perfeitamente às necessidades de consumo em qualquer lugar. Este segmento de mercado deve crescer ainda mais com as garrafas PET, uma vez que as tampas com encaixe agora estão disponíveis em diâmetro de 38mm, adequadas para embalagens assépticas a seco.

Dessa forma, deve-se considerar a embalagem asséptica de garrafas PET como uma oportunidade real de entrar ou criar novos segmentos de mercado para leites, bebidas à base de vegetais, leites aromatizados, chás e cafés com leite…

  1. Considere as necessidades específicas de produtos de baixa acidez

Todos os produtos listados acima são caracterizados por um valor de pH compreendido entre 6 e 8, um ambiente propício ao desenvolvimento de bactérias. As bebidas lácteas líquidas também são especialmente sensíveis à luz e, em menor grau, ao oxigênio. Esses dois fatores causam uma rápida degradação de vitaminas (como B2 e A) e proteínas, bem como uma rápida oxidação de lipídios. Assim, a implementação adequada desses projetos exige uma avaliação cuidadosa de cada etapa.

As necessidades da produção serão diferentes de um produto para outro e definidas para cada projeto por especialistas bacteriológicos. A proteção contra raios UV e luz pode ser opcional para alguns produtos de “longa vida”, mas é obrigatória para leite UHT e bebidas lácteas, que precisam de proteção maior contra o oxigênio. Algumas aplicações podem até atingir os limites do aceitável para a embalagem PET e, assim, permanecer em garrafas de Polietileno de Alta Densidade (PEAD).

O processo de embalagem não pode sofrer um único erro. Ele deve ser 100% estéril, totalmente seguro e documentado. Melhorias nos softwares de produção e projeto de máquinas, bem como novos métodos de esterilização de embalagens, trazem maior segurança para as embalagens assépticas.

Como exemplo, a esterilização por “e-beam” (electron beam, ou feixe de elétrons), que surge na embalagem e agora é sugerida pela Serac sob o nome BluStream, oferece resultados mais consistentes e confiáveis, garantindo:

  • Repetibilidade e rastreabilidade da exposição da embalagem ao processo de esterilização;
  • Ausência de resíduos químicos na garrafa, uma vez que o tratamento é 100% físico.

A aplicação da tampa também é essencial, especialmente para garrafas PET, que permitem eliminar lacres de alumínio. A estanqueidade final e o ciclo de firmação (torque aplicado, número de rotações) também devem ser totalmente documentados.

  1. Aproveite a mais recente inovação em garrafas PET assépticas

A gama de opções de PET é ampla. Em termos de proteção de produtos “longa vida”, a barreira contra luz necessária para preservar produtos lácteos é garantida com acondicionamento plástico ou aluminizado. Para níveis maiores, a embalagem PET pode conter camadas múltiplas ou ser suplementada com opacificante, como o TiO2. A tendência atual é desenvolver pré-formas de PET de camada única com baixo teor (ou nada) de TiO2 para tornar o produto mais reciclável. Essas pré-formas agora apresentam o mesmo desempenho de proteção que as de camadas múltiplas.

O processo de moldagem por estiramento e sopro das embalagens PET também está se desenvolvendo em busca de um maior desempenho, desafiando os limites da criatividade quanto aos formatos da garrafa e usando cada vez menos matéria-prima. Como exemplo, a Serac, apoiada em 44 anos de experiência em embalagens assépticas, com suas 100 linhas em produção, dentre as quais 78 para produtos de baixa acidez, aceitou o desafio de soprar um frasco PET com formato de fruta para acondicionar 50g a partir de uma pré-forma de 2,3g. Com quase metade da massa concentrada no gargalo, o frasco exigia uma taxa de expansão de 16 (4 vezes em comprimento e largura), o que é excessivo neste ramo. Esses resultados só são alcançados pelo controle preciso do processo de aquecimento e alocação máxima de tempo para aquecimento e sopro.

A empresa desenvolveu também um sistema de aquecimento preferencial onde o calor não é distribuído uniformemente na pré-forma, mas concentrado nos dois lados. O aquecimento preferencial é usado para produzir garrafas ovais (relação largura/comprimento maior que 2) e recipientes de formato complexo.

Novas tecnologias de esterilização, como o BluStream, também afetam positivamente a redução do peso da garrafa, uma vez que o aquecimento não é necessário.

  1. Considere a fabricação “in house” de garrafas

Qualquer projeto também deverá considerar a questão da fabricação de garrafas. Será feita “in house” ou terceirizada?

A fabricação “in house” oferece muitos benefícios, sejam eles ambientais (redução de volumes transportados), econômicos (sem garrafas riscadas ou distorcidas durante o transporte, instalações de armazenamento reduzidas) ou organizacionais (produção simples de diferentes formatos ou tamanhos de embalagens por meio da troca fácil de moldes). A fabricação “in house” também é a solução que oferece o mais alto nível de segurança contra a poluição das garrafas.

Esses benefícios aumentam ainda mais com o uso de unidades que integram sopro-envase-fechamento (Combox) e PET. O uso de PET implica menor investimento, menos equipamentos (tanque de armazenamento, aparador de gargalo e selador a quente não são necessários) e um nível menor de habilidades de processamento de plástico em relação ao uso de HDPE. A Combox asséptica da Serac permite a redução dos custos operacionais, economizando energia como resultado da ausência de transportadores e aumenta o rendimento da produção, evitando a interrupção da produção potencialmente associada a sistemas de acumulação. Ela oferece também oportunidades de redução do peso da garrafa graças a um sistema de transferência patenteado, 100% positivo, que garante que as garrafas se movam ao longo do processo sem entrarem em contato (sem risco de danos). Por fim, a o sistema foi projetado para economizar até 25% nas áreas de linhas de embalagem e reduzir a troca de turnos, bem como as operações de manutenção, diminuindo assim ao mínimo o tempo de inatividade.

  1. Avalie adequadamente os volumes de produção

Em novos segmentos ou áreas de mercado, o volume de vendas é incerto e pode disparar muito rapidamente ou, ao contrário, aumentar lentamente ao longo do tempo. Escolher o equipamento de produção certo exige um equilíbrio entre custo de investimento e capacidade de produção.

Neste caso em particular, a eficiência global do equipamento (OEE) e a versatilidade podem fazer a diferença no retorno sobre investimento. Eles podem permitir uma solução de carga de trabalho média que será usada, inicialmente, para testar diferentes conceitos em diferentes mercados antes de se concentrar nos mais bem-sucedidos, com capacidade de produção ainda suficiente.

  1. Aposte na flexibilidade para atingir diferentes segmentos de mercado

A flexibilidade provavelmente será um dos pontos-chave para o sucesso comercial. Ser capaz de fornecer uma ampla diversidade de variantes permite visar diferentes segmentos de mercado ou aumentar a visibilidade da marca nas prateleiras. Também permite oferecer uma solução para cada ocasião de consumo.

Portanto, a possibilidade de soprar garrafas que variam de 50ml a vários litros em uma mesma máquina permite atender às necessidades individuais e familiares. Uma vez que todas as garrafas possuem o gargalo no mesmo diâmetro, um sistema de transferência por gargalo é quase uma obrigação para se beneficiar da flexibilidade máxima. E, claro, uma unidade de envase e fechamento deve ajustar-se rápida e facilmente à produção da sopradora. Usar o mesmo equipamento para tamanhos diferentes e séries menores torna a troca de formato essencial. Ela deve ser a mais curta possível, o que não é tão simples em um ambiente asséptico. É por isso que, na Combox Asséptica da Serac, a sopradora está localizada fora da zona estéril: a troca do molde de formação não apresenta risco de contaminação e exige menos de 10 minutos com um único operador. O mesmo sistema é usado para troca rápida na saída da máquina de envase.

 

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