Estudo mostra que setor de embalagens deve ser um dos primeiros a se recuperar da crise

poyryA cadeia de produção de embalagens no Brasil, mesmo afetada pela retração econômica, e sem perspectivas de realização de novos investimentos em expansão da capacidade, deverá se beneficiar da retomada gradual da produção industrial e das exportações, com impactos positivos em toda a cadeia de pequenos produtores, até aqui fortemente impactada pela crise. Esta é uma das conclusões do estudo “Papéis e Embalagens Corrugadas”, realizado pela Pöyry, multinacional finlandesa de consultoria e serviços de engenharia.

“Apesar de ter sido uma das atividades mais prejudicadas pela crise econômica, o setor de embalagens será o primeiro a se recuperar, pois tradicionalmente é o que reage mais rápido”, afirma Manoel Neves, gerente de estudos econômicos da Pöyry.

De acordo com o estudo, a retomada gradual da atividade industrial no País pode abrir espaço no mercado também para pequenos produtores de papel ondulado e de embalagens, segmento em que se constatam hoje muitas dificuldades, devido à redução de encomendas, aumento de custos, dificuldade de equalização do fluxo de caixa e endividamento em moeda estrangeira.

Segundo a pesquisa, existem cerca de 1000 pequenos convertedores no País, que representam 23% do mercado nacional, e cuja atuação se caracteriza por serem mais flexíveis, aceitarem pedidos de lotes de pequeno volume e praticarem preços mais agressivos, já que produções de menor volume não requererem equipamentos tão sofisticados e caros quanto os necessários para a produção de grandes volumes. “Em curto prazo, temos más notícias, mas, com a volta do crescimento da economia, há razões para otimismo”, comenta gerente de estudos econômicos da Pöyry.

O estudo da Pöyry revela que, em 2014, a produção brasileira de papéis para embalagens chegou a 5,4 milhões de toneladas, das quais 55% foram destinadas ao consumo próprio dos fabricantes de embalagens, tanto para conversão de sacos, como produção de papelão ondulado. As vendas diretas no mercado doméstico correspondem a 33% do total e outros 12% são exportados.

Do volume total produzido, 84% (ou 3,4 milhões de toneladas) são usados na produção de papelão ondulado, sendo esta a principal aplicação. A fabricação de Kraft natural para sacos multifoliados vem em segundo lugar, com 8%, e a produção de sacos e embalagens, em terceiro lugar, com 7%. O estudo revela ainda que os grandes produtores buscam maximizar a capacidade de conversão e, assim, assegurar competitividade para fornecer o produto acabado para consumidores de grandes volumes e em formatos de caixas padronizadas.

A pesquisa também abordou a distribuição regional das atividades dessa indústria e mostrou que, apesar de haver uma tendência à instalação de plantas no Nordeste e Centro-Oeste, as regiões Sudeste e Sul representam 78% do volume consumido de caixas de papelão, de acessórios e chapas.

Finalmente, o estudo da Pöyry mostra que o mercado nacional de caixas, acessórios e chapas de papelão ondulado tem baixa concentração, uma vez que os cinco principais fabricantes representam apenas 40% do volume total, em comparação a 80% que detém de participação em muitos países da Europa e nos EUA.

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