CBA é desmembrada da Votorantim Metais

06/06/2016

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A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) deixou de fazer parte da estrutura da Votorantim Metais e se tornou um negócio independente desde o último dia 1º de junho. A decisão, segundo o presidente da CBA, Ricardo Carvalho, veio em função das estratégias diferentes das companhias. Enquanto a Votorantim Metais quer reforçar o crescimento em mineração e olhar oportunidades em outros países, sobretudo na América Latina, a CBA está focada em atender o mercado nacional com diferentes soluções de alumínio.

O executivo admitiu, no entanto, que, diante da profunda crise vivida pela indústria de alumínio nos últimos anos, a empresa poderá tomar decisões mais rápidas em eventuais oportunidades de negócio por não estar mais subordinada à Votorantim Metais. A CBA faturou R$ 4,6 bilhões no ano passado. Houve um aumento de receita em relação a 2014, mas ele foi motivado pelo negócio de venda de energia da companhia.

O setor de alumínio no Brasil retrocedeu 30 anos, voltando ao nível de produção de 1985. A situação se agravou nos últimos anos pela superoferta criada pelo “boom” de produção na China. Somente no ano passado, a produção do metal caiu 19,7% no Brasil, para 772 milhões de toneladas, ante 962 milhões de 2014, segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal). O ciclo de problemas na cadeia do metal se arrasta por vários anos: a produção de 2015 foi equivalente à metade da registrada em 2008, quando o volume foi de 1,66 milhão de toneladas de alumínio.

Na esteira da redução de 50% do mercado em menos de uma década, a maior parte das indústrias teve de pôr o pé no freio. Somente entre janeiro e setembro do ano passado, o setor de alumínio demitiu mais de 15 mil pessoas. A CBA é uma das “sobreviventes” na cadeia do alumínio brasileira, ao lado da paraense Albrás, hoje controlada pela norueguesa Norsk Hydro. Entre as multinacionais que saíram da produção de alumínio primário no Brasil estão as americanas Alcoa e Novelis.

Ao declarar independência da Votorantim Metais, a CBA ganhou estrutura administrativa e conselho de administração próprios. Para navegar um mercado em sérias dificuldades, a fabricante de alumínio tem três operações de mineração em Minas Gerais e uma indústria de transformação em Alumínio (SP), além de ativos de energia, incluindo PCHs.

Para isso foram criadas três linhas de negócios: a responsável por commodities (denominada “upstream”), a de produtos para indústrias (“downstream”) e a de autogeração de energia. Com a crise e a redução da produção, as empresas passaram a ter sobra de eletricidade. A venda deste excedente é hoje uma fonte importante de receita para as companhias do setor.

No segmento de soluções para indústrias, as prioridades da CBA são o mercado de transportes – fornecimento para indústrias de caminhões, ônibus e veículos – e o setor de embalagens, com a produção de folhas de alumínio para caixas longa vida. Nos setores de energia, construção civil, energia, utensílios domésticos e linha branca, em que a empresa também atua, as soluções serão adaptadas às necessidades de cada grande cliente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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